Turma do III Semestre

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sábado, 1 de novembro de 2014

Minhas Memórias

   
Ah minha infância...
Correria, gritaria, pés descalços, crianças de chinelo nas mãos 
- Menino entra já pra dentro!!
- Oh mainha, espera só mais um pouquinho!!!
- Não chupa melancia de noite, vai acabar fazendo xixi na cama!!



       Nasci numa noite chuvosa de quinta feira, no dia 28 de março de 1991, filho de uma família pobre e de pais analfabetos, aos 7 anos de idade mudamos para Itiuba povoado do município de Jaguaquara, foi lá na Escola Frei Franco Zito, onde tive meu primeiro contato com a leitura e escrita. Acordava às 06h00min da manhã e enfrentava junto com outras crianças uma jornada de uma hora e meia andando, sozinhos, confrontando na maioria das vezes animais pelo caminho. Às 7h30min chegávamos exausto na escola, uma construção desorganizada, sem atrativo nenhum, não possuía muros, mas era pintada com um azul pesado. Na sala de aula, lá éramos recebidos pela professora Vera, como eu a amava, sempre disposta a ensinar, tratava os alunos com paciência e amor.  Foi com ela que aprendi a ler e a escrever. O processo da leitura não foi uma tarefa fácil, isso por que, o ato da leitura é uma atividade de interação, o que segundo Kato (1985) o mero passar de olhos pelo texto não é leitura. O leitor deve “entrar” no texto, interagindo com o autor, ele deve ter uma troca de conhecimentos com o autor. No meu caso essa era a principal dificuldade, interagir com o texto, apesar disso era um mundo novo, me encantava ao ler os livros que ela levava pra sala. Passei um ano nessa escola, apesar das dificuldades encontradas, a relação de respeito e compreensão que tinha com a professora Vera me proporcionou momentos de alegrias e saberes. 
 

       Aos 9 anos voltei novamente junto com minha família para Maracás, lá fui matriculado na Escola Dom Justino, onde estudei durante 7 anos. Lá tive professoras maravilhosas, principalmente as de língua portuguesa e história. O espaço físico da escola era convidativo, a biblioteca ficava num espaço livre, onde todos os alunos tinham acesso a ela, as cores passavam uma sensação de bem-estar.  Quanto aos funcionários tinha uma boa relação com as funcionárias (tias) da cantina, indiretamente elas contribuíram em minha formação durante o período na escola.  
         Lembro-me das brincadeiras na rua, quase todas as crianças da rua se reuniam a noite, e daí começava a alegria, 7 cacos, pique esconde, baleado, futebol, pega-pega, jeito simples de brincar. Hoje, dificilmente vejo crianças nas ruas brincando, estão enfurnadas dentro de casa com seus celulares, tablets, computadores, jeito caro de brincar.
          
            Como nem tudo são flores, passei  quase toda a minha infância, sem a presença do meu pai em casa, ele morava na zona rural, como um andarilho, uma época em um local, noutra já não sabia onde estava. Amava quando eu iria visitá-lo. O problema é que ele sempre era indiferente comigo, tratava meus irmãos mais velhos com muito mais empenho e amor,  quanto a mim se restringia apenas em poucas palavras.  Quanto a minha mãe, ela sempre esteve ao meu lado, não tinha quase nada, mais o pouco que tinha repartia, nunca deixou que me faltasse nada. 
  
           Nunca gostei de falar das minhas dificuldades pelas quais tive que passar durante a minha infância, entretanto elas me fizeram o que sou hoje, elas me fizeram crescer como profissional, mas principalmente como ser humano.
           Recordar esses momentos me fez refletir o quão foi agraciado por Deus pela época em que vivi, passei por momentos memoráveis, como na 4 série quando teve na escola um concurso de desenhos , e o meu muito caprichado, foi escolhido como um dos melhores. Ou na 8 série, quando um poema escrito por me foi escolhido como um dos melhores. Também os momentos mais simples me marcaram, como uma das poucas visitas de meu pai em casa, ou das festas de aniversário que ia (nunca tive uma, isso de certa forma me causa certa tristeza, e ressentimento). 
      
           Minha infância foi bem vivida , banho de chuva, domingo de rio, pulávamos os muros dos vizinhos, "roubávamos" manga, goiaba, laranja, tocava a campainha e saia correndo, um jeito travesso de brincar. 

Dicas de Livros - Criando Novos Leitores!

"Basta abrir um livro e de brilho em brilho, sou capaz de voar..."
Renas Barreto

Um indivíduo não nasce leitor, ele se torna leitor. Por isso, começar a incentivar o habito da leitura é fundamental. O exemplo é vital nesse processo da leitura, por isso leia sempre. 

 Por esse motivo proponho aqui que você compartilhe uma dica de um livro, que você tenha lido e gostado, para que outras pessoas possam ler. 

VAMOS LÁ!
DEIXE SUA DICA DE LIVRO ABAIXO!

Meu Processo de Alfabetização


Nasci numa noite chuvosa de quinta feira, no dia 28 de março de 1991, filho de uma família pobre e de pais analfabetos, aos 7 anos de idade mudamos para Itiuba povoado do município de Jaguaquara, foi lá na Escola Frei Franco Zito, onde tive meu primeiro contato com a leitura e escrita. Acordava às 06h00min da manhã e enfrentava junto com outras crianças uma jornada de uma hora e meia andando, sozinhos, confrontando na maioria das vezes animais pelo caminho. Às 7h30min chegávamos exausto na escola, uma construção desorganizada, sem atrativo nenhum, não possuía muros, mas era pintada com um azul pesado. Na sala de aula, lá éramos recebidos pela professora Vera, como eu a amava, sempre disposta a ensinar, tratava os alunos com paciência e amor. Foi com ela que aprendi a ler e a escrever, não me recordo nitidamente como fui alfabetizado, o que me lembro era a silabação. O que segundo MENDONÇA esse era o método de origem sintética, pois:
Partem de unidade menor rumo à maior, isto é, apresentam a letra, depois unindo letras se obtém a sílaba, unindo sílaba compõem-se palavras, unindo se palavras formam-se sentenças e juntando sentenças formam-se textos. Há um percurso que caminha da menor unidade (letra) para a maior (texto).
           Não gostava muito desse método, pois, na grande maioria dos textos trabalhados pela professora, eram sem sentido, visto que nessa época morava na zona rural, e ela levava textos descontextualizados, longe da nossa realidade. Nessa mesma direção, FREIRE (1994) enfatiza:
A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra. O ato de ler se veio dando na sua experiência existencial. Primeiro, a leitura do mundo do pequeno mundo em que se movia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo da sua escolarização, foi à leitura da palavra mundo.
Acredito que, se ela trouxesse textos e conteúdos do nosso cotidiano, o processo de alfabetização seria mais eficaz, isso porque, nem todos os meus colegas conseguiram se alfabetizar com ela.
Através desse método da silabação, o aprendizado se dá de forma mecânica, através da repetição, tal método é tipo pelos críticos como mais cansativo e enfadonho para as crianças, pois é baseado apenas na repetição e é fora da realidade da criança, que não cria nada, apenas age sem autonomia. Passávamos a manhã quase toda somente repetindo/decorando o alfabeto.
O processo da leitura não foi uma tarefa fácil, isso porque o ato da leitura é uma atividade de interação, o que segundo Kato (1985) o mero passar de olhos pelo texto não é leitura. O leitor deve “entrar” no texto, interagindo com o autor, ele deve ter uma troca de conhecimentos com o autor. No meu caso essa era a principal dificuldade, interagir com o texto, apesar disso era um mundo novo, me encantava ao ler livros que ela levava pra sala.
Estava alfabetizado, nesse sentido, Naspolini (2010) questiona “O que é ser alfabetizado?” O que segundo Landsmann (1990) existem três concepções para definir o que é uma pessoa alfabetizada. A primeira concepção refere-se ao fato do aluno desempenhar um conjunto de atividades associadas ao uso prático, à segunda é quando o aluno vê na utilização da escrita também uma aquisição do poder político, econômico e mental, terceira é entender que o essencial para ser alfabetizado é adquirir formas de expressão contidas nos livros. Nesse sentido, ser analfabeto é aquele que se adapta ao dia-a-dia, e se expressa obtendo assim status, informações, conhecimento.
Nessa mesma direção, o ato de saber ler e escrever me faz sair da “escuridão”, vindo de uma família pobre, e pais analfabetos, eu era orgulho da família, isso implica que a leitura é um fator social, capaz de mudar contextos. A leitura nos fornece um mundo de sensações diversas. Assim, o ato de ler transforma-se num ato de questionamento, assim, ao ler os textos eu sempre questionava, imprima neles a minha opinião, isso ficava evidente quando, a professora da 4ª série levava textos muito simples de serem lidos, eu queria algo mais desafiador, isso porque tinha hábito da leitura reflexiva, o que para FARACO (2012) “é necessário realizar sempre uma ação reflexiva sobre a própria linguagem, interagindo as práticas socioverbais e o pensar sobre elas”. Sei que o caminho para uma boa leitura reflexiva e uma boa formação docente não é fácil, porém estou no caminho certo.

Por que escolhi ser professor?


      Durante todo caminho da vida algumas indagações são vitais para não se perder, ou se encontrar: Quem sou eu? Para onde devo ir? O que farei do meu futuro? Que profissão terei no meu futuro? Para essa última sempre tive a resposta. Lembro-me da 3ª série quando a professora Eliane nos questionava o que queríamos ser quando crescêssemos e eu, na minha infância de sonhos, respondia: “Eu quero ser professor!”. Muitos perguntam o por quê desta profissão.
    Menino tímido, encantado pelas letras, sempre tive os livros como companheiros de jornada, mas foram os exemplos das minhas professoras que me fizeram querer a sala de aula como local de trabalho. Judite minha professa da 8ª série do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio foi uma delas: professora de Língua Portuguesa e Redação, tinha um controle de sala invejável. Não sabia se os alunos tinham medo ou respeito por ela.  Independente da sua postura rígida, todos conseguiam aprender com ela. Judite não era vista apenas como uma educadora, ela participava diretamente da nossa formação como cidadãos. Ela sempre nos incentivava a sairmos do conformismo, a sermos seres críticos, conscientes dos nossos deveres e principalmente dos nossos direitos, tanto perante a sociedade, quanto no ambiente escolar.
    Sei que o caminho nessa profissão é árduo, as agruras da vida cotidiana nos fazem pensar em alguns momentos em desistir, outras vezes são as condições da docência que nos desestimula, são salas super lotadas, dinheiro que falta, alunos que não nos respeitam, pais que se esquecem do seu papel de pais e depositam nos professores a tarefa que também cabe a eles: Ensinar! Todas essas situações só reafirmam o que Canário (2006) evidencia como “mal-estar” docente: os professores não sentem mais o desejo de ministrar aula, apenas repassam os conteúdos. Eles já desistiram simbolicamente. 
     São por esses e outros motivos que escolhi ser um transformador da realidade. Para tamanha façanha estou cursando Pedagogia na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB., Aqui estou aprendendo a aprender. Quero olhar a escola além dos seus altos muros, quero ser protagonista da minha própria formação. Sei que o caminho para essa boa formação docente não é fácil, porém estou no caminho certo.

Pisando os pés no chão da escola

         
Turma do III Semestre no momento da chegada na ERTE

       No dia 25 de outubro vivenciamos na Escola Estadual Rural Taylor Egídio, atividades lúdicas pela manhã com as crianças e a tarde oficina com as professoras do curso de Pedagogia PAFOR (UESB), aplicamos uma dinâmica do quem sou eu? e trocamos experiencias, além de uma roda de conversa sobre o contexto histórico dos verbos ler e escrever, na visão de Emília Ferreiro. 

          Pela manhã com os alunos, realizamos no primeiro momento, nos conhecermos melhor, onde cada um disse seus gostos, seus medos, e seus sonhos, logo após fizemos dinâmicas com eles. 
  
        Passamos uma música "Asa Branca" de Luiz Gonzaga,  e solicitamos a eles que interpretasse, imprimido seus sentimentos em relação a música. Foi um momento maravilho, onde pude fazer a articulação entre teoria e prática. A recepção que recebemos dos alunos, foi incrível. 

        A tarde aplicamos a oficina com os professores, através do diálogo e reflexões quanto ao ato de ler e escrever, no contexto do passado, presente e futuro. Antes de entrar na sala para ministrar a oficina, tivemos um pouco de receio: "Como vamos ministrar oficinas pra professores? sendo que alguns tinham mais de 20 anos de sala de aula" esse medo não atrapalhou o desenvolvimento da oficina. Obtivemos êxito, isso porque nós aprendemos com eles, e eles aprenderam conosco. 

   Acredito que a universidade deveria fazer mais a articulação entre o mundo acadêmico e a comunidade. Assim poderemos por em prática as teorias que tanto estudamos.

Abaixo disponibilizarei o link das fotos da entrega dos cerificados que recebemos por aplicar as oficinas!!

A escola tem futuro?

Entrevistada: Selma Garrido Pimenta
O livro A Escola tem Futuro? da autora Marisa Vorraber Costa,  relata no capítulo sete uma entrevista com Selma Garrido Pimenta, que expõe  sua trajetória como educadora e pesquisadora na área da Educação, onde a vivência dos professores sua fonte de pesquisa. Ela também afirma que temos que construir uma escola pra todos e nas bases da humanização para garantir e assegurar o domínio dos conhecimentos e prepará-los para enfrentar a realidade como o desemprego. Além disso, suas pesquisas estão voltadas para a formação do professor e para o exercício profissional dentro da escola, com objetivos de ajudá-los a enfrentar e se adequar a realidade moderna.

 Algumas indagações feitas por Selma Garrido são relevantes para repensarmos a escola, são elas:  "Que sentido faz a escola?", " É preciso haver escola?". Segundo ela, a escola não está fazendo mais sentido pra sociedade, mas precisa vir a fazer, nesse sentido ela precisa existir SIM! Mas é precisamos modificá-la significadamente, e isso inclui desde os seus funcionários, professores, gestores, alunos, família e sociedade. Isso porque ela é o único espaço organizado para possibilitar o desenvolvimento da população, entretanto, ela infelizmente não está dando conta dessa tarefa.  

Nesse sentido, a escola atual precisa ser transformada, na sua forma de gestão, e no seu ensino de aprendizagem, no seu espaço e no seu tempo, e nas suas relações com a comunidade. Precisamos pensar na possibilidade de uma escola mais aberta, mais aberta, onde a pluralidade e a diversidade fazem parte dos currículos.

Selma discute a questão dos estágios nos cursos de pedagogias, o qual só irá ter sentido se começar no inicio do curso de formação. 

Selma se mantém na modernidade e reflete sobre a importância de ter uma escola crítica com um modelo organizacional, de currículo, de conhecimento científico, de relações professor-aluno, de processo de ensino-aprendizagem, de ciência e de relação com a sociedade bem real e cidadão, para que a escola sai da crise.
A entrevista com Selma Garrido foi de fundamental importância para repensarmos que escola tivemos, temos, e qual queremos ter.